4 de julho de 2009

Dois poemas de Luiz Carlos Guimarâes, Currais Novos RN

Sagração do verão

De repente a mulher desabrochou nua
saindo do mar, pois a água não a vestia,
antes a desnudava, fazendo a sua
nudez mais nua à dura luz que afia
seu gume no sol da manhã que inaugura
o verão. Dezembro só luz reverbera
em seu corpo, doura-lhe as coxas, fulgura
nas ancas, no dorso ondulado de fera.
Fera que guarda no ventre um colmeia
com a flor em brasa do sexo que ateia
fogo ao meu desejo e tanto me consome
a vulva, gruta, rosa de pêlos – que nome
tenha – que desfaleço como se em sangue
me esvaísse morrendo de amor. Exangue.


Noturno

Toma meu amor
bebe até a última gota o vinho das estrelas
e olha para a noite desenrolada no céu
e vem e vem e deixa que eu assista à mutação dos teus olhos
na cor de mel ouro antigo chá e telha vã
enquanto não chega a hora de amar
desdobrar todos os minutos como pedras preciosas de um colar
quando minha boca passeia o teu corpo assustado
e meus dedos ciciam aos pêlos úmidos do teu sexo
e eu ávido cavalo te cavalgo montaria do meu amor.

Um comentário:

Iara Maria Carvalho disse...

lindos demais esses poemas!
Luis Carlos é o cara!
me orgulho de ser sua conterrânea!

parabéns, Alex, pelo blog fantástico, como sempre!