Se fosse vivo, o Mestre Vitalino poderia juntar sua gente para celebrar seus 100 anos de vida. Falecido há 46 anos, de varíola, aos 54 anos de vida, o caruaruense Vitalino era um gênio no manuseio do barro, retratando os costumes do povo nordestino. Pouca gente sabe, mas, além do artesanato em barro, Vitalino Pereira dos Santos foi um tocador de pífano de primeira qualidade.
Vitalino nasceu em 1909, na Ribeira dos Campos, distrito de Caruaru, começando a modelar o barro desde menino, fazendo animais com as sobras do barro usado por sua mãe na produção de utensílios domésticos (panelas, chaleiras, etc), para serem vendidos na feira de Caruaru. Em 1963, muda-se para o povoado Alto do Moura, para ficar mais próximo ao centro de Caruaru.
Atualmente, no Alto do Moura, cerca de 500 pessoas vivem de esculpir o barro. É a herança de Vitalino para sua comunidade. Em 1947, ninguém sabia quem era o Mestre, até que o desenhista e educador Augusto Rodrigues organiza no Rio de Janeiro a 1ª Exposição de Cerâmica Pernambucana, com diversas obra de Vitalino. Segue-se uma série de eventos que contribuem para torná-lo conhecido nacionalmente e são publicadas diversas reportagens sobre o artista.
Em 1955, integra a exposição Arte Primitiva e Moderna Brasileiras, em Neuchatel, Suíça. O Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais e a Prefeitura de Caruaru editam o livroVitalino, com texto do antropólogo René Ribeiro e fotografias de Marcel Gautherot e Cecil Ayres. Nessa época, conhece Abelardo Rodrigues, arquiteto e colecionador, que forma um significativo acervo de peças do artista, mais tarde doadas para o Museu de Arte Popular, atual Museu do Barro de Caruaru.
Em 1960, Vitalino realizou uma viagem ao Rio de Janeiro para participa da “Noite de Caruaru”, organizada por intelectuais pernambucanos e cariocas, ocasião em que suas peças foram leiloadas em benefício da construção do Museu de Arte Popular de Caruaru. Na época, ainda participou de programas de televisão e exibições musicais, compareceu a eventos e recebeu diversas homenagens, como Medalha Sílvio Romero.
Nessa ocasião, a Rádio MEC realiza a gravação de seis músicas da banda de Vitalino, lançadas em disco pela Companhia de Defesa do Folclore Brasileiro na década de 1970. Em 1961, atendendo a pedido da Prefeitura de Caruaru, doa cerca de 250 peças ao Museu de Arte Popular, inaugurado naquele ano.
Sua capacidade criadora se desenvolveu de tal maneira que, o Mestre Vitalino acabou se tornando o maior ceramista popular do brasil. Fazia peças retratando nossa cultura como retirantes, casa da farinha, trio de forró, batizado, casamento, vaquejada, pastoril, padre, Lampião, Maria Bonita, representando seu povo, o seu trabalho, as suas tristezas, as suas alegrias. Retratava em suas peças o seu mundo.
Uma estátua para Vitalino
Uma estátua em tamanho real do Mestre Vitalino foi a principal homenagem nas comemorações do centenário de nascimento do artesão, que marcou a história da cerâmica figurativa no Brasil. A obra foi confeccionada para que os turistas possam interagir, tirando fotos ao lado da imagem.
A estátua, feita pelo artista plástico Demetrio Albuquerque, levou um mês para ser produzida. Ela foi confeccionada em concreto e retrata Vitalino de pernas cruzadas, como costumava trabalhar. “A imagem mostra o artesão em sua fase de maturidade”, contou Demetrio. A estátua foi instalada nessa sexta, na Casa Museu Mestre Vitalino, no Alto do Moura, em Caruaru.
À noite, ainda houve a reestreia da peça “O alto das sete luas de barro”, espetáculo premiado de Vital Santos, que conta a história do Mestre Vitalino. As comemorações do centenário de Vitalino terminam no Parque de Eventos Luiz Gonzaga, em Caruaru, com shows de Petrúcio Amorim, Valdir Santos, Elifas Júnior e Geraldinho Lins.
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