3 de abril de 2010

Cemitério de Macau está lotado

Fotos: AG Sued
Com capacidade para sepultar pessoas por somente dois anos, a Prefeitura de Macau enfrenta o desafio de procurar outro lugar a modada eterna dos macauenses.

Todo macauense sonha em um dia se juntar àqueles que já se foram. Onde deveria ser o descanso dos que residem em Macau, o Cemitério Público “Monsenhor Joaquim Honório está completamente lotado. Conforme o administrador Luiz Cícero (Cicinho), há terrenos para enterrar 200 pessoas, no máximo. “Num prazo de dois anos, o cemitério de Macau não vai poder enterrar mais ninguém”, disse Cicinho.

A “Morada Eterna” dos macauenses abriga túmulos de pessoas famosas como o cantor Paulinho de Macau, o historiador João de Aquino, o ex-vice-prefeito Afonso Solino Bezerra e o músico Francilúcio. Conforme o sociólogo Benito Barros, o Cemitério de Macau já era conhecido desde 1931, quando retiraram o Cruzeiro da frente do cemitério para ser chantado em frente à igreja matriz.

Oficialmente, o Cemitério Monsenhor Joaquim Honório foi inaugurado pelo então prefeito Albino Melo, quando fez a primeira reforma no lugar, colocando um muro de tijolos onde era cerca de arame farpado para delimitar a área e construindo a sua fachada. Outras reformas foram feitas ao longo do tempo. Hoje, a pequena capela virou um centro de velório onde há missa de corpo presente, os banheiros foram reformados, além do serviço de copa como cafezinho e chá.

De acordo com o administrador, que trabalha a frente do Cemitério desde junho de 2007, o lugar teria terreno para enterrar mais de 6000 pessoas devidamente registradas. Porém, Cicinho alerta que ainda há mais de 500 pessoas sem registros porque os administradores anteriores não cobravam os documentos do falecido. “Ainda há terrenos onde estamos encontrando ossos de desconhecidos porque não havia registros”, ressalta.

De acordo com o secretário de planejamento e desenvolvimento sustentável, Ubiratan Bezerra, o Governo do Estado já está trabalhando num modelo de um novo cemitério para a cidade de Macau. “Estamos aguardando a finalização do Plano Diretor, que ocorrerá entre março e abril, onde especificará as áreas para a instalação desse cemitério”, disse.

Ubiratan Bezerra que o projeto ainda será discutido em audiência pública com a comunidade macauense. A partir da aceitação e aprovação do Plano Diretor, a Prefeitura de Macau vai implantar o projeto que já se encontra em elaboração. “A ampliação do cemitério de Tambaú para atender a demanda de Macau é uma das alternativas que a Prefeitura está estudando”, explicou o secretário.

Personagem da notícia
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Um levantamento feito pelo administrador revela que a média é de 12,4 sepultamentos por mês. Isto é: um dia sim e outro dia não, há enterro em Macau. Segundo dados da pesquisa, em 2008, foram sepultados 149 pessoas e no mês de maio foram enterradas 18 pessoas. “O ideal seria começar a trabalhar outro cemitério”, disse Cicinho, referindo-se ao cemitério da comunidade de Tambaú.

O marceneiro aposentado, Francisco das Chagas Ferreira, 72 anos, conhecido como Ticó, morador da Rua Major Emídio Avelino, afirma que foi menino tangendo gado por dentro do antigo cemitério e hoje tem um túmulo reservado no lugar. “Naquele tempo havia muito capim verde dentro do cemitério e as vacas gostavam”, justificou.

Ticó tem uma grande família enterrada no Cemitério Monsenhor Honório e afirma que lá será sua última morada. Todos os seus parentes (pai, mãe, tios, irmãos, filhos e esposa) estão enterrados lá. “Não quero vir tão cedo, mas tenho um lugar reservado ao lado da minha mulher”, disse.

Viúvo há dois anos e sete meses, Ticó é um senhor bem aparentado e cheio de saúde, que teve 17 filhos em 49 anos de casamento com dona Raimunda Nazaré da Costa Ferreira. “Minha esposa está aqui e é pra cá que eu venho”, explicou ele, com os olhos marejados, diante de um túmulo muito bem conservado.

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