Meu nome está registrado no "livro preto" desde sei lá quando. Creio que desde os primeiros instantes da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (Samba). Lembro-me apenas de havê-lo assinado numa tarde, talvez de sábado, enquanto bebia meladinha no Bar de Nazir, ao som do sax de Mainha, que naquele momento tocava sentado na calçada da Casa Yemanjá e encantava o peito de concreto da Cidade Alta.
Meladinha à tradição de Nazir é diferente da receita do dicionário. "Bebida feita de cachaça e mel", diz o Aurélio. Em Nazir, hoje Bar da Meladinha, acrescenta-se limão e mistura-se tudo no copo utilizando-se uma haste de madeira com pequenas saliências na ponta que é acionada pelas palmas das mãos, como quem acende fogueira friccionando gravetos. Dependendo da quantidade, pode crer, qualquer pinguço sai de fogo.
Tenho a satisfação de haver bebido meladinha batida pelo próprio Nazir, que morreu faz alguns anos. Não fomos amigos, nunca trocamos palavras além de simples cumprimentos e informações básicas de balcão de bar, "Bom-dia", "Boa-tarde", "Quanto devo?", "Custa tanto", essas coisas. Nazi nem sabia quem sou, pois não me apresentei, e talvez nem imaginasse a importância dele próprio para a História boêmia de Natal.
O velho Mainha sabia de mim porque nasci e me criei em Mossoró, onde ele residiu ao sair da terra natal. Tocou na banda de Arthur Paraguay, casou-se e teve filho na taba dos monxorós. Sentávamos nos bares e conversávamos nos intervalos das músicas. Pedia para morrer no Beco, conforme lembra o jornalista Paulo Augusto, em "Lombras de Natal". Atenderam-no: o coração dele ficou plantado na porta do Bar de Odete.
O "livro preto" que o jornalista, poeta e artista plástico Eduardo Alexandre, o Dunga, presidente da Samba, transporta consigo para o caso de uma filiação de emergência é meu título para as eleições que se avizinham. Sim, 2006 é ano de campanha também no Beco da Lama. Dunga deixará a presidência da Samba. O processo sucessório foi deflagrado há semanas. Existem duas chapas lançadas e a possibilidade de acordo.
Meu amigo Dunga é um presidente porreta e quem o suceder terá de suar a camisa para a peteca não cair. Havendo disputa, votarei em Alexandro Gurgel. Escolha afetiva, pois o outro concorrente, professor Bira, também merece o respeito e a confiança da galera. No caso de consenso, pelo que se fala, o poeta Antoniel Campos assumirá a dianteira da chapa, secundado por Alex e Bira, o que poderá ser bom para a Samba.
Muitos afirmam que as disputas fortalecem a democracia. O Beco, porém, é democrático pela natureza da arte e do espírito de seus freqüentadores que podem se dar ao luxo de tomar decisões consensuais. Não se chegando a isso, tudo bem, vai-se às urnas conferir o desejo da maioria, numa disputa pacífica, sem feridas, rancores e outros males que geralmente afetam quem se envolve em política, seja lá de que natureza for.
Meladinha à tradição de Nazir é diferente da receita do dicionário. "Bebida feita de cachaça e mel", diz o Aurélio. Em Nazir, hoje Bar da Meladinha, acrescenta-se limão e mistura-se tudo no copo utilizando-se uma haste de madeira com pequenas saliências na ponta que é acionada pelas palmas das mãos, como quem acende fogueira friccionando gravetos. Dependendo da quantidade, pode crer, qualquer pinguço sai de fogo.
Tenho a satisfação de haver bebido meladinha batida pelo próprio Nazir, que morreu faz alguns anos. Não fomos amigos, nunca trocamos palavras além de simples cumprimentos e informações básicas de balcão de bar, "Bom-dia", "Boa-tarde", "Quanto devo?", "Custa tanto", essas coisas. Nazi nem sabia quem sou, pois não me apresentei, e talvez nem imaginasse a importância dele próprio para a História boêmia de Natal.
O velho Mainha sabia de mim porque nasci e me criei em Mossoró, onde ele residiu ao sair da terra natal. Tocou na banda de Arthur Paraguay, casou-se e teve filho na taba dos monxorós. Sentávamos nos bares e conversávamos nos intervalos das músicas. Pedia para morrer no Beco, conforme lembra o jornalista Paulo Augusto, em "Lombras de Natal". Atenderam-no: o coração dele ficou plantado na porta do Bar de Odete.
O "livro preto" que o jornalista, poeta e artista plástico Eduardo Alexandre, o Dunga, presidente da Samba, transporta consigo para o caso de uma filiação de emergência é meu título para as eleições que se avizinham. Sim, 2006 é ano de campanha também no Beco da Lama. Dunga deixará a presidência da Samba. O processo sucessório foi deflagrado há semanas. Existem duas chapas lançadas e a possibilidade de acordo.
Meu amigo Dunga é um presidente porreta e quem o suceder terá de suar a camisa para a peteca não cair. Havendo disputa, votarei em Alexandro Gurgel. Escolha afetiva, pois o outro concorrente, professor Bira, também merece o respeito e a confiança da galera. No caso de consenso, pelo que se fala, o poeta Antoniel Campos assumirá a dianteira da chapa, secundado por Alex e Bira, o que poderá ser bom para a Samba.
Muitos afirmam que as disputas fortalecem a democracia. O Beco, porém, é democrático pela natureza da arte e do espírito de seus freqüentadores que podem se dar ao luxo de tomar decisões consensuais. Não se chegando a isso, tudo bem, vai-se às urnas conferir o desejo da maioria, numa disputa pacífica, sem feridas, rancores e outros males que geralmente afetam quem se envolve em política, seja lá de que natureza for.
Cid Augusto
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