16 de abril de 2006

Poemas de Gilmar Leite e Antoniel Campos

"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor"


Mote do poeta Chico Borges

Quando a mão que derrama sutileza
Solta pingos de água num jardim
Cada pétala se abre dum jasmim
Num sorriso de dúlcida pureza.
Uma essência se exala com leveza
Dando beijos na mão com seu olor
Perfumando com plácido fulgor
Numa oferta divina do seu lume
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".

Cada dedo oferece os orvalhos
Derramados do céu da sua mão
E a flor faz surgir do coração
O presente divino dos seus galhos.
Colibris fazem vôos dos carvalhos
Numa pressa coberta de temor
Como lindos parceiros do amor
Beijam flores morrendo de ciúme
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".

A presença dos pingos cristalinos
Derramados da mão como presente
Faz a flor se abrir toda contente
Igualmente o sorriso dos meninos.
Do seu corpo surgem perfumes finos
Com mil beijos dum grande sedutor
Infiltrando-se nos dedos com ardor
Sem ouvir beija-flores com queixume
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".

Eu comparo a grandeza da verdade
Praticada através da ação humana
Quando a mão da virtude soberana
Joga os pingos divinos da bondade
Sobre o campo da vida o amor invade
Com essências tocando o regador
Perfumando o seu gesto doador
Onde Deus no seu peito logo assume
"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor".

Gilmar Leite

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"Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor"

E do encontro se fez a despedida.
Do sorriso de então se fez o choro.
Da palavra singela, o desaforo
— a intenção se calou despercebida.
Mas se é fato que há vida além da vida,
tu serás minha vida aonde eu for.
Se do instante impensado resta amor,
em amar-te o instante se resume:
Sempre fica a presença do perfume
entre os dedos da mão que rega a flor.

Antoniel Campos

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