15 de outubro de 2006

Aleluia, irmão! Cabaré é festa

Foto: AG Sued
No Beco da Lama, a festa é para organizar uma festa.
Por Eduardo Alexandre
O melhor nas festas do Beco não é a festa em si, os espetáculos, as exposições, os recitais. É o sorriso na face de todos. A confraternização da confraria. Os encontros e reencontros. A saudade vencida.O melhor, com certeza, não é a lama: é o Beco.
São as conversas regadas não só a cerveja e cachaça, também uísque e conhaque, e as idéias que surgem, as brincadeiras, provocações e respostas inteligentes e sagazes que delas nascem.
É o querer bem exposto. O prazer em ver o amigo bem sucedido em seus projetos. É ver a alegria que dá. O brinde à glória efêmera e aparentemente inútil à vitória diante de uma batalha besta e que, por isso, medonha.
É o medo de errar abatido na sarjeta do Bar aposentado de Odete ou de Aluísio, de Nazaré. No Bar de todas as Adjacências. É a delícia dos acordes da frevança do mestre Mainha chegando saudosos aos tímpanos carentes de Evocações.
É a evocação ao verso, à nota saída da máquina de Camilinho, a menina de doze cordas que ele abraça e beija. É esse abraço. Esse beijo. Essa emoção que arrepia a alma na calma da noite sem fim dos gatos e gatas à procura dos céus nos telhados do casario antigo, abrigo de vidas e mistérios, dores e prazeres de alcova.
O melhor nas festas do Beco é essa dor coletiva que fica da má notícia e que se vai com os assuntos renovados a outro pedido:
- Táááááááááásia!
E é, sim, também, essa arenga/delícia de confraria que se sabe irmã no aceno e no espeto que se faz carne no brazeiro fumarento.É festa. No Beco, é festa a festa que prepara a festa: Poesia, Carnaval, Aleluia, Cabaré.
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Texto publicado no blog Alma do Beco:

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