28 de fevereiro de 2007

Fotografia e Cotidiano

Fotógrafos em ação. Foto: web

por Fábio Caraciolo
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Quando o primeiro homem conseguiu fixar a primeira imagem sensibilizada pela luz numa superfície, ele não imaginava em que aquilo se transformaria. Das grandes e desengonçadas câmeras escuras até as micro-câmeras em celulares, a fotografia ganhou um espaço na vida do homem moderno que não pode ser tirado.

Alguns dados para parecer verdade: No Brasil, com uma população de quase 170 milhões de pessoas e pouco menos de 45 mil domicílios, estima-se que 66 milhões de brasileiros tenham uma câmera em casa. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Material Fotográfico e de Imagem ( ABIMFI), circulam hoje no Brasil 24 milhões de câmeras fotográficas (22,4 MI de filme e 1,6 MI digitais).
É claro que a realidade de uma cidade grande é bem diferente desta sopa de números e letrinhas. Ao andar pelas ruas, a impressão que dá é de que há sempre alguém com sua compacta em punhos, pronto para disparar o flash. E nesta andança é que vem a dúvida: porquê as pessoas fotografam tanto ?

O primeiro impulso é o de sair perguntando, mas a observação já dá algumas respostas. Há quem fotografe para guardar na memória as férias na praia. Há também quem fotografe achando que vai ganhar dinheiro. Tem o fotógrafo que não sabe pintar e “copia” do mundo o que é belo. Tem gente que fotografa compulsivamente, sem motivo algum. Tem quem fotografe porque quer fazer história, ou provar qualquer coisa. Há tantos tipos de fotógrafos e motivos quanto há modelos de câmeras disponíveis.

A fotografia tornou-se uma coisa tão comum e tão acessível que por vezes parece que perdeu aquela magia de antigamente. Uma fotografia já foi centro de ritos sociais. A família toda se reunia, colocava a roupa mais bonita e ficava horas esperando pelo clássico retrato. Hoje em dia poucos rituais de passagem contam com fotógrafos específicos. No dia-a-dia, para a foto da família no Natal, é só carregar o ISO 400 e mandar ver.

Além do barateamento do material para fotografia amadora, outro fator determinante para a popularização da fotografia foram as Minilabs. Pequenos laboratórios de revelação rápida, serviço barato e qualidade “padrão”. Ideal para todo tipo de gente que não tem tempo, encaixando-se perfeitamente na rotina acelerada do homem moderno.

Ainda que moderadamente, o processo digital sacramentou a fotografia no cotidiano das pessoas. A custo quase zero, ficou ainda mais fácil apertar o botão e sair capturando imagens a torto e a direito. Nos EUA, houve um aumento de 11000% do número de câmeras fotográficas digitais nos lares, em oito anos. Em 1996 eram 300 mil casas com digitais e a projeção para 2003 foi de 33 milhões. A pesquisa da Photo Marketing Association foi feita em 2002. Atualmente estes números devem ser bem maiores.

O cenário mundial é refletido regionalmente. Sinto que a fotografia avança e as câmeras fotográficas já são objetos obrigatórios nos lares. Quem é que não tem um porta-retratos ou um pequeno álbum de fotos 10x15? Quem é que nunca se aventurou a fotografar o “parabéns pra você” no aniversário do sobrinho? Quem nunca clicou que atire a primeira pedra.

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