4 de março de 2007

Entrevista com o poeta Antoniel Campos

Por Alexandro Gurgel

Natural de Pau dos Ferros, Antoniel Campos é engenheiro formado pela UFRN e escreve poesia por diletantismo, mas o poeta não esconde que ainda carrega o sonho de se tornar um poeta por tempo integral.

Entre os títulos, Antoniel Campos coleciona o primeiro lugar no Concurso Literário Eros de Poesia Sensual, com o poema "é como se as paredes respirassem", segundo lugar no concurso literário de Piracicaba, com o poema "Contracanto", além de menções honrosas nos concursos literários Othoniel Menezes e Luís Carlos Guimarães. Também obteve menção honrosa do Prêmio Cidade do Recife, com o livro de poesia "A Esfera".

Ano passado, o poeta foi homenageado no projeto Poéticas e Prosas Potiguares, idealizado pela livraria Siciliano, no shopping Midway Mall, em Natal. O sarau poético "de cada poro um poema", cujo tema é o título do segundo livro de poesias de Antoniel Campos, lançado em 2003. Antes desse, o poeta já havia publicado "Crepes e Cendais". A terceira obra dele, "Esfera", foi lançada em 2005.

Como aconteceu a transição do menino Antoniel saindo de Pau dos Ferros e tornando-se engenheiro em Natal?
AC - Nasci em Pau dos Ferros, mas vim para Natal ainda com um ano de idade. Canguleiro das Rocas, estudei na Escola Estadual Isabel Gondim; depois, entrei na ETFRN (Cefet atual) e, de lá, para a UFRN.

Qual a melhor maneira para conciliar engenharia com a poesia?
AC - Como sou muito cartesiano, tenho em mim as coisas muito bem divididas, compartimentadas, de maneira que poesia e engenharia convivem independentemente ou raramente se misturando.

No seu processo de criação literária, o que não pode faltar em um poema?
AC - Não pode faltar poesia. De resto, tudo é válido, é motivo, para trabalhar o poema.

Nesse último carnaval, você foi destaque na Banda Independente da Ribeira tocando pandeiro junto com a orquestra de frevo do maestro Duarte. A música, o carnaval, a boêmia são extensões dos seus versos?
AC - Adoro o frevo e, no que depender de mim, tudo farei para que Natal receba esse ritmo em seu coração. Respondendo, são sim extensões do que escrevo.

Como é ser um poeta atuando no Rio Grande do Norte? Quais os desafios?
AC - Creio que os de qualquer escritor em quaisquer partes do mundo. É ele e a palavra, sempre. Eis o desafio.

Qual o sentimento em produzir literatura no RN, apesar do pouco interesse em produzir políticas públicas culturais?
AC - O que o primordial é ter esse sentimento, esse gozo, corporificado, em si, independente de resultados.

Há vida literária inteligente nas letras potiguares?
AC - Sim, claro. Nei Leandro de Castro, Diva Cunha, Marize Castro e outros estão aí pra não me deixarem mentir.

Quem você destacaria na literatura norte-riograndense? Há gente nova fazendo versos de qualidade no Estado?
AC - Sim, e muita. Marcos Ferreira, Iara Maria, Xavier, Alexandre Abrantes, Lívio Oliveira, Anchella Monte, são exemplos.

Qual a melhor maneira de incentivar novos poetas a escrever e publicar seus versos?
AC - Leia muito, escreva muito, junte um dinheirinho e publique seus livros. Não espere pelo Estado.

O que é necessário para atrair a atenção de jovens leitores de poesia?
AC - Penso que a multiplicação de saraus na cidade é uma boa pedida.

De que maneira você vai celebrar o 14 de março, Dia Nacional da Poesia?
AC - Lendo e ouvindo poesia.

Quais livros você levaria para uma temporada de 66 auroras na praia de Tibau?
AC - Eu (Augusto dos Anjos); Os Lusíadas (Camões); Sonetos de Shakspeare; As Flores do Mal (Baudelaire); Missal e Broquéis (Cruz e Sousa); e tantos e tantos e tantos...

Entrevista publicada n'O Mossoroense

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