29 de abril de 2007

Fotografia e Poesia

Foto: AG Sued
Mulheres servidas em Bloody Mary
Lívio Oliveira, Natal RN

Receito-me,
ousadamente,
o que se proíbe
ao vulgo.

Indico-me
uma inglesa,
uma colher de molho,
inglesa loira,
preferentemente
de Liverpool,
onde a música
renasceu, pós-Mozart.

Mililitros
de suco de tomates,
vermelhos,
sensuais,
pecaminosos,
com pele
aberta
ao tato,
à língua
cortante
e ácida.

Colher única
de suco cítrico,
limões
para salivar.

Gotas de tabasco
aquecendo
veias reentrantes
nos vôos rasantes
dos atos
do amor.
Vodka,
russa,
ruiva.
Esta serve-me,
entretendo-me,
fazendo-me poucas
as lembranças
vazias.
Vodka,
enchendo-me
de presenças
felizes, santas,
como o sangue de Maria.

Cubos de gelo
derretendo no calor,
milhões, os graus,
Celsius ou Farenheit.

Bocas e pimentas-do-reino:
bela combinação
de sensações
e loucuras latinas,
morenas.

E, quando a receita
parece estar toda,
recomendo-me,
ao gosto,
belos seios
negros,
intumescidos,
e uma pitada
de sal.

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