21 de junho de 2007

Palhaços, sim, mas em determinadas e precisas circunstâncias

Foto: Hugo Macedo
Nesse artigo, Eduardo Alexandre responde ao presidente da FJA depois de uma entrevista concedida por Crispiniano Neto ao periódico Tribuna do Norte.

Por Eduardo Alexandre
Jornalista, poeta, artista plástico e criador da Galeria do Povo

O diretor geral da Fundação José Augusto e presidente do Conselho Estadual da Cultura é assim mesmo: desdenhoso, característica inerente aos despóticos, aos prepotentes. Como presidente do Conselho, convocou os artistas para reuniões nas quais se discutiriam os problemas da Lei Câmara Cascudo, de renúncia fiscal (leia-se 4 milhões de reais destinados à cultura); envia representantes da Fundação para dirigirem os trabalhos de mesa e; se sai com essa: "Estava havendo uma discussão" (como se nada houvesse com ele) "e decidiram (como se a FJA não estivesse representada) escolher um grupo que representasse a classe por seis meses. Mas não combinaram conosco."

O modesto conosco do presidente do Conselho de Cultura e diretor geral da FJA é, a bem da verdade, com ele, uma vez que a FJA estava presente às reuniões através de representantes por ele indicados. A sugestão de um mandato tampão (linguajar deles, os oficiais, mandato provisório para os artistas) de representantes da categoria dos artistas no Conselho de Cultura, partiu da própria Fundação, não dos maiores interessados, os artistas.

Foram três exaustivas reuniões onde o foco principal, "quem vota", não foi resolvido. Atas destas reuniões, que poderiam ter ido a conhecimento público através de Internet (A FJA tem página própria e assessoria de imprensa com farta lista de endereços eletrônicos, os e-mails), mas não foram. E chegou-se ao cúmulo de ter ata de reunião que não houve por falta de quórum, ocasionada pela má divulgação da mesma, como aliás, tem sido sempre (às vésperas).

Agora, vem o presidente diretor geral e desqualifica a todos, inclusive aos seus, a quem delegou poderes, para dizer que de nada serviram os debates e resoluções e que ele, sim, tem respostas e soluções para tudo: chama a uma reunião (ou assembléia de artistas?) sem pauta, onde tudo já está decidido, reunião para ele dizer: vai ser assim e ponto final, pronto!

Eu sempre achei que os palhaços fossem artistas, verdadeiros artistas do riso, da alegria e também da tristeza. Nunca imaginei que um diretor de instituição cultural, do porte da que está em foco, fizesse artistas passarem por palhaços. Sim, porque até os representantes da Fundação José Augusto que estiveram representando a instituição nos debates eram artistas, e artistas respeitados, com mais de 30 anos de serviços prestados às artes do RN, como Mirabô e Babal, nomes que não merecem pecha de palhaços em quaisquer circunstâncias, muito menos quando representam uma instituição oficial de cultura.

Soa, a declaração do diretor geral, presidente, como se o próprio Estado do Rio Grande do Norte, através dos seus dirigentes, estivesse impondo, a todos nós artistas, a pecha de palhaço. Que até somos, mas em determinadas e precisas circunstâncias.

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