24 de outubro de 2007

Lembranças de outono (de José Airton de Lima)

Uma versão novelesca da historia de Natal

Foto: Jaeci
Rua João Pessoa nos anos 50, cruzando com a avenida Rio Branco. No canto esquerdo da foto, o famoso café Grande Ponto, centro nevrálgico da vida social natalense por várias décadas.
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Um romance com cara de roteiro de cinema, ou uma história que tem perfil de romance. Na verdade, o jornalista e escritor José Airton de Lima que “seu Alves” do Diário o chamava de Risadinha, acaba de escrever seu mais novo livro, “Lembranças de outono”, um romance que o autor imaginou a partir de personagens fictícios intercalados à história natalense com fatos vividos no país e no mundo, que esta semana ele entrega à gráfica para o trabalho de impressão. O lançamento, ele espera realizar no final de novembro, no período da festa da padroeira de Natal, quando se comemora também a data do levante comunista de 1935, cujos acontecimentos estão bem vivos no livro.

“A história do romance se passa desde o ano de 1932 e eu mesclei fatos da realidade com personagens fictícios, a partir da história de Natal”, antecipa José Airton, informando que conheceu pessoas citadas no livro que lhe repassaram fatos vividos na época que envolvia estudantes e políticos, entre os quais um aluno do Colégio Marista que foi membro do movimento integralista se afastando depois para ir estudar Direito na Faculdade do Recife. “Faz tempo que tenho a idéia de publicar este livro, a fim de que pudesse resgatar os fatos do tema central da historia do romance que realmente aconteceu, embora eu troque nomes das pessoas, muitas já falecidas”, revela o autor que publicou outros 8 livros desde 1983.
Os fatos o escritor foi buscar no cotidiano natalense, como no agitado ano de 1935, quando no início da noite de 23 de novembro o governador Rafael Fernandes, ao assistir no Teatro Carlos Gomes à diplomação da primeira turma de contabilistas do Colégio Marista, “foi surpreendido pelo levante armado de caráter comunista que teve início entre os praças do 21º BC, aquartelado em Natal”. Nesse mesmo ano, o ABC conquistava o campeonato de futebol com uma virada histórica de 4 a 1, depois de o América começar vencendo o jogo com gol de Colajão, no estádio do ARA totalmente lotado.

“São acontecimentos que somente o leitor vai ter a oportunidade de perceber ao ler o romance como, por exemplo, o fundador da imprensa de circulação diária em Natal, o jornalista Elias Souto, que era paraplégico e ainda na primeira década do século XX criava o Diário de Natal, não este jornal de agora que foi fundado por um grupo de jornalistas no primeiro ano da segunda guerra mundial com o nome de O Diário, trazendo mais detalhes do conflito e se tornando entre os jornais locais de maior circulação, retratado no romance”, lembra Airton.

A guerra foi um capitulo à parte destacado em “Lembranças de outono”, com as aflições vividas pela população natalense amedrontada com ameaças de ataques aéreos do conflito na Europa, agarrando-se na fé e na esperança de que nada aconteceria de pior, alimentada na mensagem propagada constantemente nas celebrações religiosas do então bispo diocesano, Dom Marcolino Dantas, “onde esta imagem chegar nenhum mal acontecerá”, que foi retirada do caixote encontrado por pescadores em 1753, com a imagem da santa que passou a ser a padroeira da cidade, N. Sª da Apresentação.

“Neste capítulo, são destacados outros acontecimentos relacionados à presença de militares norte-americanos em Natal, surgindo novos hábitos entre os moradores de uma cidade ainda provinciana, como os rapazes que passaram a entrar nas salas de cinema vestidos de camisa e calças jeans, abolindo o tradicional paletó”, descreve o autor, esclarecendo que muitos fatos históricos e da trama do romance são detalhados na publicação, cujo fecho acontece na conquista brasileira do tri-campeonato de futebol em 1970, no México.
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O autor

José Airton de Lima, 63 anos, que agregou popularmente Risadinha ao seu nome por causa de uma indagação do então diretor-geral do Diário de Natal, Luiz Maria Alves, onde ele foi contratado para trabalhar na rádio Poti nos idos de 1970, é seridoense de Currais Novos e mora em Natal desde os anos de 1960 quando veio estudar jornalismo e trabalhar na imprensa da capital, atuando em jornais e emissoras de rádio, dedicando-se, posteriormente, a escrever livros, estreando em 1983 com “Patologia da comunicação”, que foi sua tese do curso ainda na Faculdade de Jornalismo Eloy de Sousa, vindo em seguida, no mesmo ano, “Violência no meio de informação de massa”, e “A história do rádio no RN” (1984), “Ideologia política do radio norte-rio-grandense” (1985), “Da brejeira ao rabo de palha” (1986), apontado por ele como o mais vendido, com mais de 4 mil exemplares, e outro, “História das campanhas populares no RN” (1987), e ainda na mesma década, no centenário do fim da escravatura, em 1988, “A escravidão negra no RN”, que Risadinha conta ter saído matéria no Estadão (jornal O Estado de S. Paulo) e exemplares distribuídos para outros países da África, e o último depois de uma pausa, “Padre João Maria: o homem e o santo em terras potiguares”, de 1995, também, segundo Airton, logrando êxito de repercussão. Todas essas publicações editadas pela Coojornat – Cooperativa dos Jornalistas do Rio Grande do Norte.

“Agora, após longo intervalo, volto à publicação de “Lembranças de outono”, um romance idealizado por mim há muitos anos, o qual comecei a escrever cerca de dois anos atrás e espero o público leitor gostar, como tem sido nas outras publicações. Obrigado, viu...!”, despede-se, com aquele sorriso cativador que “seu Alves” tanto admirava.
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Fonte: AssessoRN

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