Hugo Macedo
ARTIGO
por Nei Leandro de Castro
O Beco da Lama é a atração mais cheia de contraste da cidade. Em certos bares, a meladinha continua sendo feita com o fel do mau humor. O Bar de Nazaré ganhou novos ares com o novo gerente Carlinhos, que tem bom humor e bom gosto. O Bardallo’s continua servindo a melhor omelete do Mercosul. O bom papo, conduzido pelos poetas Cefas Carvalho e Cláudia Magalhães, está sempre presente nas ruas mais tortuosas da Cidade Alta.
Mas vez por outra aparece alguém para azedar o ambiente. Um sábado desses, surgiu no Bar da Nazaré um baixinho, cabeçudo, todo metido, dizendo-se maranhense e escritor, “glorioso filho da Atenas brasileira”. Tinha ouvido falar do Beco da Lama e, de passagem por Natal, resolveu conhecer o reduto boêmio. Achou a meladinha “algo que se assemelha a uma propedêutica hedonística”.
Na primeira visita ao Beco, segundo ele, procurou conversar com as pessoas das mesas ao lado, levantou a relevante questão das lágrimas de Nietzsche e da dilemática face à crítica da razão pura, mas pelo visto não havia intelectuais em Natal. A certa altura, bateu no peito e disse em voz alta: “Eu sou vaidoso, sim. Não admito um intelectual que não seja vaidoso.”
Paguei a minha conta e fui à procura de Volonté, que haveria de dar umas gravatas no vaidoso mórbido. Infelizmente não encontrei o meu poeta peripatético preferido, que tinha a ido à Festa de Santana, em Caicó. A pé, como é do seu costume.
Um comentário:
Sensacional! Nada mais...
sergiovilar.blogspot.com
Postar um comentário