15 de agosto de 2008

O Beco da Lama e os intelectuais vaidosos

Hugo Macedo

ARTIGO

por Nei Leandro de Castro

O Beco da Lama é a atração mais cheia de contraste da cidade. Em certos bares, a meladinha continua sendo feita com o fel do mau humor. O Bar de Nazaré ganhou novos ares com o novo gerente Carlinhos, que tem bom humor e bom gosto. O Bardallo’s continua servindo a melhor omelete do Mercosul. O bom papo, conduzido pelos poetas Cefas Carvalho e Cláudia Magalhães, está sempre presente nas ruas mais tortuosas da Cidade Alta.

Mas vez por outra aparece alguém para azedar o ambiente. Um sábado desses, surgiu no Bar da Nazaré um baixinho, cabeçudo, todo metido, dizendo-se maranhense e escritor, “glorioso filho da Atenas brasileira”. Tinha ouvido falar do Beco da Lama e, de passagem por Natal, resolveu conhecer o reduto boêmio. Achou a meladinha “algo que se assemelha a uma propedêutica hedonística”.

Na primeira visita ao Beco, segundo ele, procurou conversar com as pessoas das mesas ao lado, levantou a relevante questão das lágrimas de Nietzsche e da dilemática face à crítica da razão pura, mas pelo visto não havia intelectuais em Natal. A certa altura, bateu no peito e disse em voz alta: “Eu sou vaidoso, sim. Não admito um intelectual que não seja vaidoso.”

Paguei a minha conta e fui à procura de Volonté, que haveria de dar umas gravatas no vaidoso mórbido. Infelizmente não encontrei o meu poeta peripatético preferido, que tinha a ido à Festa de Santana, em Caicó. A pé, como é do seu costume.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sensacional! Nada mais...


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