21 de setembro de 2009

Blogueiro concede entrevista à jornalista Daniela Pacheco, d'O Jornal de Hoje

O funcionário do Grande Ponto (com a camisa preta da Aphoto) ao lado do deputado estadual Fernando Mineiro (com o filho), da publicitária Adriana Kellen e da enfermeira Leila Florêncio (de branco).

O “Foto Protesto” foi realizado na manhã do último sábado, onde os fotógrafos fizeram uma caminhada percorrendo alguns pontos do Centro Histórico. Uma parada obrigatória na Praça Padre João Maria foi necessária para pedir as benção e proteção ao santo padre natalense, já que nãi há mais ninguém a quem recorrer.

Segundo o jornalista, fotografo e presidente da Associação Potiguar de Fotografia (Aphoto) Alex Gurgel, “a manifestação dos fotógrafos contra a falta de segurança nos pontos históricos natalense foi um grande sucesso. Mais de 40 pessoas foram até a Praça André de Albuquerque para dizer que se faz necessária uma atitude política voltada para a segurança do cidadão de bem, que paga seus impostos e exige que o Estado promova segurança, um dever constitucional”.

“Mesmo depois do nosso protesto, a sensação de insegurança vai continuar. Garanto que não haverá outras aulas prática de fotografia no Centro Histórico. A cidade perde, Natal perde. Seguindo a sugestão do Coronel Marcondes, comandante da Policia Militar do RN, toda vez que acontecer um passeio fotográfico a Aphoto vai solicitar uma escolta policial”, declara o fotógrafo que conversou com a equipe d’ O JORNAL DE HOJE.

O JORNAL DE HOJE - Conte um pouco sobre você?
Alex Gurgel - Sou natalense, nascido na Januário Cicco. Sou jornalista e fotógrafo, presidente da Associação Potiguar de Fotografia (Aphoto) onde tenho contribuído de forma intensa para melhorar a fotografia praticada no RN. Atuo como jornalista na revista Turismo RN, editada pela agência Com-Texto Comunicação, onde trabalho como repórter fazendo matérias e fotos. Sou editor geral do jornal Folha de Natal e chefe de redação do Jornal de Macau. Sou ainda repórter correspondente em Natal do jornal O Mossoroense, além de fazer matérias culturais como free-lancer para vários veículos. Diretor de imprensa da Associação dos Documentaristas e Curta-metragista do Rio Grande do Norte (ABDC-RN), sou ainda um blogueiro assumido, editor do Grande Ponto desde 2006, o primeiro blog cultural do Rio Grande do Norte.

O JORNAL DE HOJE - Como surgiu a sua paixão pela fotografia?
Alex Gurgel - A paixão pela fotografia surgiu pelo interesse em aliar as imagens ao texto jornalístico. Com o tempo, fui estudando fotografia e descobrindo as nuances das cores e as várias possibilidades para mostrar uma imagem usando os recursos da câmera. Na verdade, o fotógrafo nunca pára de aprender fotografia. Principalmente, agora nessa era digital onde as informações novas são constantes.

O JORNAL DE HOJE - Afinal, fotografia é arte?
Alex Gurgel - Em sua melhor forma, a fotografia é uma manifestação artística e, como qualquer outra arte, compreende em dois níveis distintos: o nível da criação e o nível da execução. Conforme o fotógrafo paulista Cláudio Cubrusly, para imortalizar momentos e garantir a continuidade da memória de um povo, além de difundir os costumes de uma nação ou ainda perpetuar os instantes mais importantes da história, faz da fotografia uma das mais belas artes.

O JORNAL DE HOJE - É uma profissão reconhecida e valorizada na cidade?
Alex Gurgel - Em Natal, há fotógrafos para todo tipo de cliente. O mercado é amplo, existindo fotógrafos reconhecidos cobrando caro pelos seus serviços e outros fotógrafos anônimos que vivem nas igrejas ou cartórios, fazendo fotos de batizados ou casamentos. De um modo geral, a profissão é reconhecida pela cidade e já tem seus ícones que estão no topo da pirâmide fotográfica.

O JORNAL DE HOJE - O que falta?
Alex Gurgel - Nós temos muito fotógrafos no Estado que estão desgarrados e sem informação sobre sua própria profissão. Seria necessário que esses profissionais se congregassem na nossa Associação Potiguar de Fotografia (Aphoto) para que juntos, os fotógrafos tivessem força para reivindicar seus direitos e o lugar social merecido. Enquanto não haver essa consciência, sempre haverá fotógrafos trabalhando sozinho, sem parceria e nem apoio institucional para gerar cursos, congressos, palestras, work-shops, etc... que venha aumentar o conhecimento na área.

O JORNAL DE HOJE – Qual a sua opinião sobre o desempenho dos gestores culturais da cidade?
Alex Gurgel - Nossos gestores culturais estão mais preocupados com as políticas de "eventos culturais", esquecendo de fomentar nossa cultura. Agora, há projetos que devem ser destacados como a política de editais que a Fundação José Augusto está fazendo e que merece o reconhecimento porque vai gerar cultura feito por artistas com o apoio financeiro do Estado. A Capitania das Artes também tem buscado estimular a feitura da nossa cultura através de editais em várias áreas. Falta uma política cultural voltada para a fotografia.

O JORNAL DE HOJE - E, a segurança... Fale um pouco do manifesto que vocês realizaram no último sábado?
Alex Gurgel - Não há segurança nos principais pontos turísticos, principalmente no Centro Histórico natalense. É muito difícil acontecer o patrulhamento dessas áreas com viaturas ou policias rondando. Por essa razão, os ônibus lotados de turistas que visitam o Centro Histórico não descem dos ônibus. Ninguém quer ter suas câmeras roubadas de assalto. Uma cidade que pretende ser uma sede da Copa do Mundo e deixa acontecer assaltos num dos principais pontos turísticos não merece credibilidade. Nosso "foto protesto" é para alertar as autoridades sobre a necessidade de policiar esses locais históricos porque os equipamentos fotográficos são caros e é fácil identificar quando um fotógrafo está trabalhando com suas câmeras potentes.

O JORNAL DE HOJE – E, qual é a sua opinião sobre a produção cultural na cidade?
Alex Gurgel - Claro que a Capitania das Artes fomenta a cultura natalense, afinal ele exista com essa finalidade. Porém, de uma forma geral, a produção cultural da cidade é feita por iniciativas privadas. Seja nos festivais de música como o MPBeco, no Beco da Lama, ou o grupo DoSol, na Ribeira; o festival de cinema que acontece o ano inteiro, todas as quarta-feira, promovido pelo Colégio Ciências Aplicadas e com entrada gratuita; o Sebo Vermelho produzindo livros de autores potiguares; a Aphoto promovendo cursos de fotografia; entre outras manifestações.

O JORNAL DE HOJE – O JH publicou na semana passada uma matéria onde mostrava alguns pontos culturais da cidade estam sucateados? Você concorda com isso? E, o que pode ser feito para mudar?
Alex Gurgel - Eu não diria sucateados. Acho que esses pontos culturais estão mal utilizados. É preciso que os gestores culturais coloquem pessoas comprometidos com nossa cultura para gerir esses ditos pontos de cultura. Enquanto houver uma política de apadrinhamento, colocando pessoas incompetentes em cargos importantes, nossa cultura está fadada a mesmice, sem o compromisso para promulgar uma cultura de raiz.

O JORNAL DE HOJE – Segundo informações que circularam na imprensa potiguar neste fim de semana, aponta que a prefeitura pretende gastar o valor de R$12 milhões no projeto ‘Natal em Natal’. O que você acha disso?
Alex Gurgel - Acho que é muito dinheiro. Confesso que não conheço o projeto do Natal em Natal na íntegra. Mas, garanto que a fotografia não foi privilegiada. Todo ano, a prefeitura dar prêmios aos lojistas que fazem uma iluminação bonita na fachada da sua loja. Porém, não existe nenhum prêmio de fotografia para as pessoas que fotografam essas mesmas fachadas iluminadas. Depois do dia de Santos Reis, quando os lojistas tiram a iluminação da fachada, fica somente a fotografia para contar a história do natal que passou. Há 03 anos que a Aphoto realiza uma expedição fotográfica noturna para clicar a iluminação natalina na nossa cidade e nunca conseguimos um incentivo. Uma pena.

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