1 de setembro de 2009

O ímpar na fotografia

ARTIGO

Foto e texto: Simone Sodré

Era claro como o dia, o dia. As cores ali, bem definidas. HIghlights / shadows. Apesar das sombras, não havia nada encoberto, não havia nada anunciado.

O dia era claro e bonito. Para qualquer lente.

Éramos doze, eu incluída. Ouvimos a História contada pelo Professor Plínio e captamos cada figura correspondente sob a orientação dos Professores Alex Gurgel e Hugo Macedo. Eu apenas acompanharia minha filha que relutou em usar minha câmera, preferindo a sua, compacta. Então, pude participar nessa carona.

A cidade calma, seus monumentos iluminados pelo sol, os bancos das praças, com seus ocupantes, me fez desconfiar que ainda estava muito cedo. Ainda havia sonhos sob as copas daquelas árvores, nove da manhã. Cedo para quem dorme. Há os que dormem nas praças.

Estava tudo quieto e certo. A missa, crianças com seus melhores vestidos com babadinhos tremendo sob a brisa, as avós, as famílias.

O galo, inerte, lá de cima, se pudesse, avistava tudo. Teria anunciado.

Só o que não estava certo: O prédio do IPHAN na sombra. Isso era ruim, as cores não sairiam tão boas, avisou o Professor Hugo, enquanto o Professor Alex aproveitava uma tomada de ar do Professor Plínio que falava dos nossos monumentos, para avisar da “regra dos terços” e salientar as molduras.

Ainda não dava pra avaliar as fotos no visor da câmera, logo, algo só poderia dar errado em casa, já no computador. Mas, também... com uns professores como esses... Os três. O número mágico da fotografia.

Passamos pelas igrejas e fomos até a Santa. De longe, tudo limpinho, revitalizado, pronto pra turista ver. Lembrei de quando adolescente fui muitas vezes contemplar ali, o por do sol. Comentamos, então, o quanto é bela a parte histórica da cidade. Das cidades. Queríamos incluir Natal.

Cuidamos que todos estivessem sempre juntos, pois notamos a ausência de policiamento. Decidimos voltar.

Incrível ter lido o quanto é mágico em fotografia o número ímpar, em especial o três. O Professor Alex não parou de lembrar da regra dos terços, uma faixa enorme em frente ao rio convidava os fiéis para o “terço do por do sol”.

Veio o trio e assim mesmo sem vírgulas anunciou o assalto com armas em punho e dedos nos gatilhos com um estatuto como escudo.

Só o galo poderia ter avisado. Só o galo.

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