Jose Saddock de Albuquerque
Morávamos em Macau, cidade peninsular situada na região salineira do Rio Grande do Norte. De todos os espaços, o quintal de minha casa, sem dúvida, é o que mais intensamente me faz vir à memória as lembranças da infância. Creio que isso se dá com a maioria das pessoas que nasce no interior.
O quintal era um zoológico, e dentre os animais que ali viviam, lá estava ele: o galo Barack Obama. Recebera esse nome em homenagem a um aviador que morrera “a caminho d’África”, na terra das salinas.
Obama era um galo esperto, travesso, namorador. Desses que para quem todas as galinhas eram iguais, embora nem todos os galos o fossem. Apesar do preconceito que havia com a sua cor, ele era o rei do pedaço. Surgisse outro galo no terreiro, Obama logo mostrava sua impressionante capacidade de dominação.
O tempo passou... Obama, agora, adulto, com doutorado nos melhores galinheiros do mundo, tentou a carreira política... Não deu outra, diante de milhões de galos e galinhas, envolto em uma das maiores crises porque passava o capitalismo, foi eleito Presidente dos Galinheiros Unidos da América.
Ali estava meu galo de estimação, no maior cargo público que um galo honrado almejaria alcançar, Presidente dos G.G.U.U.
Mal assumira, logo começaram as manifestações. A direita mais empedernida, representada pelos galos republicanos, acusava-o de querer implantar no maior centro capitalista do mundo galináceo, o socialismo. Outros o acusavam ainda de comunista, expressão muito usada para designar os adeptos da teoria político-filosófica criada pelo brilhante galo Marx.
Dias difíceis vieram. O assunto virava capa de revista e matéria de primeira pagina nos principais jornais do mundo. Mas o camarada Obama, como já era conhecido, se defendia das acusações, sem, no entanto, deixar de lado o seu projeto político.
A historia nos surpreende a todos. Obama realmente era um galo obstinado e socialista. Passava as noites lendo o camarada Marx. Poucos o tinham com essa inclinação ideológica, somente os amigos mais próximos sabiam quem realmente era Barack Obama no plano das manifestações políticas.
Porém, como todas as grandes idéias se expõem ao perigo, como dizia o galo pensador Platão, um dia o camarada Obama foi atraído pela melhor amiga, a galinha Dilma...
O final dessa historia, que depois narraremos, se passa no galinheiro chamado Brasil... Gostaria de relatar, por oportuno, o seguinte:
Tivesse batizado meu galo com o nome de Lula, iriam falar por aí que eu tinha o sentido da premonição. Diriam, ainda: é um petista de nascença, um engajado congênito, o menino Lenin...
E aí, eu me pergunto: o que Lula acharia de tudo isso? E passo a imaginar...
– Bem, companheiro... galo, não... digamos, um papagaio que não teve acesso às letras... Né, Dilma!
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